quarta-feira, 23 de julho de 2008

Hoje, Só hoje.

Hoje iria linda para uma festa...
Com um vestido lindo, comprido, sensual..
Um belo vestido verde.
Aquele vestido verde, que eu amo!
E com um sapato que, sem me doer nem um pouco o pé,
Me deixaria mais alta, mais bela do que me sinto quando olho pra você.
E você me veria entrar na festa..
Sim, você me veria.
Você só me veria,
Naquela festa.
E, de um modo sinicamente casual,
Você se aproximaria de mim, em meio ao salão
Por entre os casais dançando..
E você diria:
Você quer dançar comigo?
Não, você não perguntaria..Você diria apenas.
E eu, atônita, desconcertada, responderia:
É claro que sim...E como não?
E estava tocando Nina Simone...
E só tocaria Nina Simone,
Por toda a noite..
Por toda a noite,
...
Por toda a noite.

domingo, 20 de julho de 2008

12410 dias vividos...

Um dia como outro qualquer...
Em que comemos, bebemos...
Mais um dia...
Mas um dia!
Só um dia..Dentre tantos outros!
Muitas dúvidas..
Poucas certezas,
Gratas e contundentes certezas.
Uma delas é a de que estou aqui ainda,
Sonhando, andando, pegando, vendo..respirando...respirando...respirando.
Ares nem sempre tão límpidos,
Criaturas nem sempre tão queridas..
Sensações nem sempre tão boas..
Mas cá estou, cá tambem sou!
Um brinde!

domingo, 6 de julho de 2008



...Jean..
Num cantinho, com um violão!

Quase Segunda-feira..Por mim mesma

Porque hoje é domingo!
Nenhum pé de cachimbo foi plantado!
O dia está frio...Muito frio.
Melhor seria que lã tivesse sido plantada.
E amanhã já nem iríamos trabalhar,
Pois haveria lã para colhermos...
Ah, preguiça!!! Dá-me de comer...
Farta-me..Não tenho medo de ti,
De tua cara, do teu pecar!
Adoro essa tua cara cínica, mas absolutamente feliz.
Adoro essa tua verdade...
Esses sonhos intermináveis, Impraticáveis,
Essa inércia imbatível,
Infinitamente enlaçada aos que amam a vida
Como ela é...E nada mais!
Por que hoje é domingo?
Porque infelizmente amanhã é segunda feira.

Coisas dos outros...Bem escritas e bem cantadas..

Um pedaço de Adriana Calcanhoto...Que eu adoro.. E que a Bruxa Andréa canta lindamente...

A Fábrica do Poema

Adriana Calcanhotto / Waly Salomão

"Sonho o poema de arquitetura ideal
Cuja própria nata de cimento
Encaixa palavra por palavra, tornei-me perito em extrair
Faíscas das britas e leite das pedras.
Acordo;
E o poema todo se esfarrapa, fiapo por fiapo.
Acordo;
O prédio, pedra e cal, esvoaça
Como um leve papel solto à mercê do vento e evola-se,
Cinza de um corpo esvaído de qualquer sentido
Acordo, e o poema-miragem se desfaz
Desconstruído como se nunca houvera sido.
Acordo! os olhos chumbados pelo mingau das almas
E os ouvidos moucos,
Assim é que saio dos sucessivos sonos:
Vão-se os anéis de fumo de ópio
E ficam-me os dedos estarrecidos.
Metonímias, aliterações, metáforas, oxímoros
Sumidos no sorvedouro.
Não deve adiantar grande coisa permanecer à espreita
No topo fantasma da torre de vigia
Nem a simulação de se afundar no sono.
Nem dormir deveras.
Pois a questão-chave é:
Sob que máscara retornará o recalcado?"